Para usuário, só casa própria tem mais importância que plano de saúde 


Um levantamento feito pelo Datafolha aponta ainda que convênio é aprovado por 80% dos beneficiários em SP.  Só a casa própria é mais importante que o plano de saúde para viver bem, segundo pesquisa Datafolha realizada entre usuários de convênios da capital paulista. O levantamento mostra que o serviço de assistência médica é a conquista mais valorizada por 26% dos entrevistados.

Metade dos ouvidos cita a compra de um imóvel, e 17% apontam a chegada a um curso superior. Viajar (7%) e ter um carro (menos de 1%) aparecem na sequência. A maioria (80%) diz considerar seu convênio “ótimo” ou “bom”. O serviço é visto como “regular” por 18% e tido como péssimo por 2% dos entrevistados. A margem de erro da pesquisa, encomendada pela administradora de benefícios Qualicorp, é de quatro pontos.

As mulheres e os usuários mais velhos (com 60 anos ou mais) são os que dão importância maior para o plano de saúde, depois da casa própria. Já os homens e os usuários mais jovens (na faixa 18 a 24 anos) preferem a educação.

Para Reinaldo Scheibe, presidente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde), o resultado mostra a importância do sistema de saúde suplementar. “Os preços explodiram num período de desemprego. Muita gente recorreu ao SUS e não conseguiu ser atendido. Isso mostra a importância da rede privada”, afirma.

Quando questionados sobre o aspecto mais importante de suas vidas hoje, os conveniados citam em primeiro lugar a família e a saúde (44% e 38%, respectivamente). Depois vêm emprego (9%), educação (8%) e lazer (2%).

A nota média de recomendação dada aos planos foi 7,9 (escala de 0 a 10), sendo que 35% dos pesquisados disseram que certamente indicariam seu plano a outras pessoas.

Os itens mais bem avaliados pelos usuários nos seus convênios são a qualidade dos laboratórios e dos hospitais (84% a acham “ótima” ou “boa”), a qualidade do atendimento dos médicos (83%) e as opções de médicos especialistas (76%).

“A realidade é que quem utiliza os serviços de saúde suplementar normalmente está satisfeito”, afirma Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS (Instituto de Estudos da Saúde Suplementar).

Quanto maior a renda, melhor é a avaliação do planos. Entre os entrevistados que ganham mais de cinco salários mínimos, 84% aprovam o convênio. O índice cai para 74% entre aqueles que recebem até dois salários.

Por outro lado, o preço e a demora para marcar consultas é o que menos agrada os beneficiários em São Paulo, cidade com a segunda maior cobertura do país (metade da população tem convênio, segundo dados da ANS, mais que o dobro do índice nacional, de 24,3%).

Dos ouvidos pelo Datafolha, a maioria (55%) tem plano de saúde vinculado à empresa em que trabalha, e metade (48%) gasta até R$ 500 por mês com plano de saúde. Entre os mais pobres (renda mensal familiar de até dois salários mínimos), 17% reprovam a falta de agilidade para marcar consultas, índice que é de 8% nas famílias que ganham acima de cinco salários.

Em âmbito nacional, apesar de liderarem há seis anos as reclamações dos consumidores, os planos de assistência médica tiveram queda na parcela de insatisfação.

O índice de queixas contra o setor feitas ao Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que representava 28% do total de reclamações recebidas pelo órgão em 2016, caiu para 23,4%, em 2017.
O instituto frisa, porém, que não há queda no número absoluto de reclamações. “Ainda há muito o que aprimorar nas relações de consumo envolvendo planos”, diz Ana Carolina Navarrete, advogada e pesquisadora do órgão.

Dois em cada dez entrevistados afirmam ter tido algum tipo de problema com seu convênio. As dificuldades mais citadas foram demora para agendar consultas e exames (21%) e dificuldade no atendimento (também 21%).

Carneiro, do IESS, diz haver uma regulação bem clara quanto aos prazos, que, segundo ele, são cumpridos. “A maior parte dos problemas costuma acontecer quando o beneficiário quer um médico específico, o que desobriga a operadora a cumprir o prazo máximo”, diz.

A maioria das pessoas ouvidas (72%) afirma estar satisfeita com a própria saúde no último ano. Essa avaliação piora conforme caem a renda e o nível de escolarização dos entrevistados. Entre os que estudaram apenas até o nível fundamental, 55% se dizem bem de saúde.

Quanto menor a renda, maior é a expectativa do usuário de ficar sem plano de saúde no próximo ano. Das pessoas que têm renda familiar de até dois salários mínimos, 21% dizem que é grande essa chance –índice que cai para 11% entre os que têm renda familiar superior a cinco salários. Entre os entrevistados que perderam o plano de saúde a partir de 2014, 45% dizem que o motivo foi o desemprego —19% citam o preço alto das mensalidades. A maior parte (84%) dos que estão sem convênio migra para o SUS (Sistema Único de Saúde).

Fonte: Folhapress