Entrevista com o presidente da Forluz sobre Política de Investimentos

O presidente da Forluz, Gilberto Gomes Lacerda, deu uma entrevista para a ABCF sobre a Política de Investimentos da Fundação.

Graduado em Engenharia Elétrica, Gilberto Lacerda foi gerente de Relacionamento Comercial na Cemig Geração e Transmissão, entre agosto de 2001 a abril de 2005, atuando em negociações no mercado regulado e livre de energia elétrica do País. Em maio de 2005, assumiu como Superintendente de Relações Institucionais e Assuntos Regulatórios, na Cemig. Neste período, foi responsável pela representação institucional da Cemig em associações setoriais do setor elétrico, Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. Em março de 2013, assumiu o cargo de Diretor Presidente na Cemig Saúde e, em 17 de setembro de 2018, assumiu a presidência da Forluz.

ABCF: Por que é necessário fazer uma política de investimentos? 

Gilberto Lacerda:A Política de Investimentos é o documento que define o norte dos investimentos para a aplicação dos recursos garantidores nos próximos 5 anos, sendo revisado anualmente. Outras informações como de processo de governança, controle de risco, são parte de seu conteúdo. É um parâmetro para o participante entender sobre a forma que se dá a aplicação da sua reserva de aposentadoria. Além disso, a elaboração da Política de Investimento é uma demanda legal, definida pela Resolução CMN 4.661/2018 e regulamentada pela Previc por meio da Instrução Nº 6 de 2018.

ABCF: Como é feita a política de investimentos da Forluz?

GL: A Política de Investimentos da Forluz é feita por uma equipe multigerencial, coordenada pela Gerência de Renda Variável e Macroalocação. O tempo entre o início de suas discussões e a sua aprovação pelo Conselho Deliberativo é de aproximadamente 6 meses. De forma resumida, o processo segue as seguintes etapas:

  1. a) Discussão sobre classes de ativos e estratégias elegíveis.
  2. b) Definição de retorno esperado e volatilidade para cada classe de ativo.
  3. c) Discussões sobre cenário econômico, com participação de economistas convidados no Comitê de Investimentos.
  4. d) Apresentação de texto preliminar e estudo de ALM no Comitê de Investimentos e Diretoria Executiva.
  5. e) Apresentação de texto final para órgãos colegiados.

ABCF: De quanto em quanto tempo ela é revista?

GL: O horizonte de tempo da análise é de 5 anos, porém o texto é revisado e aprovado anualmente pelo Conselho Deliberativo da Entidade.

ABCF: Quais são os principais norteadores da Política de investimentos da Forluz?

GL: – Governança

– Controle

– Solidez / Solvência

– Gerenciamento dos ativos baseado no passivo

– Código de Conduta e Ética

– Partes relacionadas

– Gestão de Risco

– Rentabilidade Mínima Atuarial

ABCF: Como é feita a projeção dos cenários econômicos?

GL: Indicadores econômicos como inflação e juros para o curto prazo são definidos a partir das projeções divulgadas no Boletim Focus do Banco Central. A taxa de reinvestimento de longo prazo é definida a partir de discussões com economistas convidados no Comitê de Investimentos.

ABCF: Qual é o papel da Diretoria e do Conselho na construção da política de investimentos?

GL: As diretrizes da Política de Investimentos são transmitidas pela Diretoria dentro do ambiente de Comitê de Investimentos. Após a aprovação do texto nestes fóruns, o Conselho Deliberativo, que tem a autonomia de mudar ou redefinir quaisquer pontos do texto encaminhado pela Diretoria Executiva, fica responsável pela aprovação final.

ABCF: Quais são as expectativas em relação ao cenário econômico x política de investimentos?

GL: O cenário econômico tem demostrado uma discreta melhora no que tange a atividade econômica, após grande período de recessão. A inflação tem ficado sistematicamente abaixo da meta da autoridade monetária, possibilitando que hoje consigamos manter os juros em seu nível mais baixo por tempo prolongado. Assim, a Política de Investimentos, ao incorporar esses indicadores tem sinalizado para a necessidade de aumento marginal em ativos de risco para alcançar o retorno mínimo atuarial ao longo do tempo. O grande estoque de títulos públicos, comprados em momento favorável, garantem uma rentabilidade por um grande período, mas na medida do seu vencimento, deve começar a indicar mudança estrutural na alocação.